domingo, enero 11

Day 6 – Weston, the Landlord

O contato por e-mail foi seco. Pelo telefone, apressado. Pediu-me para antecipar a visita porque às 15h precisava buscar os filhos no colégio. Weston, o assessor imobiliário apenas insistiu que, caso quisesse, poderia me mudar-me ainda hoje.

Na chegada ao “River West Condominium”, algo diferente. Nada de salinhas. Nada de formulários. Um senhor magro, de meia idade, loiro-aguado, caminhando com as pernas meio tortas veio em minha direção. Nas suas mãos, um bolo de chaves.

Subimos por um elevador. Weston fala muito. Muito. Mostra-me um apartamento. Digo que quero um que tenha pelo menos um quarto. Voltamos para o elevador. Weston mostra-me outro. Pergunta o que estou fazendo na Filadélfia. Explico. Ele me diz que aluga muitos apartamentos para “doutores e enfermeiras”, da universidade. Explico que a informação de que eu era doutor, que ele devia ter visto na ficha enviada por e-mail talvez não corresponda com o tipo de “doutor” com o qual ele está acostumado a lidar. Weston diz que prefere o telefone ao e-mail.

Gosto do apartamento. Digo que, contudo, preciso consultar a minha companheira, que ainda está na Espanha. Weston é compreensível. Confessa-me que a mulher dele é muito exigente e que não confia nas escolhas dele. Perguntei se eu poderia confiar. Ele riu. Eu ri. Combinamos de conversar mais tarde.

Saio pela porta principal. Mando as fotos para a María. Conversamos via Facetime. Nada como ter 5 GB de franquia. Obrigado, Shelly. Volto deambulando para o hotel. Toca o telefone. Era Weston. Reparo que já tinha duas ligações não atendidas. Weston pedia desculpas. O celular dele tinha ligado sem querer para o último número da agenda. Digo a ele que o negócio está fechado. Marcamos para dentro de 1 hora, no apartamento.

Ao reencontrá-lo, Weston tinha agora três celulares em uma mão. Falava em um quarto aparelho. Ah! se ele conhecesse os celulares brasileiros de dois, três, chips. Weston me pede desculpas. Tinha esquecido duas enfermeiras “asian-americans”, que estavam reclamando de algo. Entramos no apartamento. Pergunto se foi tudo bem no colégio, com os filhos. Weston suspira. Pergunto quantos filhos ele tem. Sete, diz ele. Insisto na pergunta. A resposta é a mesma. Apoiando-se no balção da cozinha, Weston me dá as chaves do apartamento. Pago os 200 dólares da “reserva”. O restante como será, me pergunta. Digo que em cheque.

Começo a tentar preencher o cheque da minha recém aberta conta bancária. Ante à minha torpeza, Weston se oferece para me ajudar. Aceito. Cheque nominal à uma imobiliária. Respiro mais aliviado. Assino e pergunto sobre o contrato. Weston me diz que enviarão para mim, por e-mail. Pergunto se não seria bom, então, eu passar a ele os meus dados pessoais. Weston se surpreende. Parece-lhe, contudo, uma boa ideia. Pergunto se ele não precisaria de uma cópia dos meus documentos. Weston se assusta, para quê, pergunta-me meio espantado. Para o caso de que você precise me contatar, para ter mais segurança... Elenquei alguns argumentos. Weston me disse que tudo aquilo lhe parecia excessivo. Afinal, como forasteiro, não me restava alternativa. Em caso de não pagar o aluguel, teria que desocupar o apartamento. Simples assim. Para alguém acostumado a cartórios, Weston é uma figura assustadora. Simples assim.

Temperatura: -12 ºC
Possibilidade de chuva: 0%
Vento: fraco






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