jueves, marzo 5

Philadelphia Museum of Art

Robert Kelly é um pesquisador norte-americano que decidiu estudar o consumo cultural da arte nos museus. Com escrita aguçada ele descreve, no artigo “Museums as status symbols II: attaining a satate of having been”, que um terço dos visitantes de museus costumam seguir um mesmo ritual de consumo. Nada mais descerem de seus ônibus fretados entram apressados no museu a ser visitado e, como detetives, procuram a loja de quinquilharias do local. Nela, gastam mais de meia hora buscando lembrancinhas que tenham o nome do museu/cidade ou a iconografia da principal obra. Findo isto, voltam para o ônibus e esperam pelos demais viajantes que decidiram perder tempo dentro das galerias.

Curiosamente, no Philadelphia Museumof Art a prática é um pouco diferente. Mais do que a loja, o objeto de desejo de uma parcela expressiva está do lado de fora.




Feita a foto com Rocky, o ritual seguinte consta em subir as escadarias do Museu e repetir, no topo, os gestos do imortal campeão fictício.






Não vou negar. Cumpri à risca a regra ritualística, ainda que cometi uma gafe. Entrei no museu.

Temperatura: padrão Sibéria (nível IV).
Possibilidade de chuva: antes chovesse, do céu só cai gelo.

Vento:  sempre frio e cortante

Fire alert – Part one

Sexta-feira. Dez da noite. Neve na janela. Sofá, manta, calefação e chamego, quarteto ideal para uma plena execução dos trabalhos do aparelho digestivo. Súbito, o alarme de incêndio dispara. O volume é ensurdecedor. A tentação é fazer de conta que nada está a acontecer. Como a percepção dos fenômenos-dependem-dos-órgãos-sensoriais, a vã tentação é de tapar os ouvidos, como se ao não escutar, o incêndio (ou pelo menos o alarme), deixariam de existir.

Impossível. O volume é absurdamente alto. Doem os tímpanos. Descubrimos que há duas “caixas de som”, de alarme. Uma no quarto e outra na sala. Para um apartamento de 45m2, parece-me um exagero. Tento desligá-las de alguma maneira. O som ressoa. María espia pelo olho mágico e vê que as pessoas estão saindo dos seus apartamentos.

Ainda ressabiados decidimos dar uma espiadela no corredor. A vizinha sul-coreana nos grita. Devemos sair.  Calço o primeiro tênis que vejo. Maria me alerta para desligar a televisão. Apagamos as luzes. Pegamos os casacos. E os passaportes? Volto ao apartamento. Penso em pegar apenas o essencial: todos os livros que comprei e os desenhos da María. Desisto. Paciência.

Começamos a descida, do 15º andar, via escada de emergência. O alarme continua tocando. É, deve ser de fato uma emergência. Bom, também é fato que se fosse, a esta altura já teríamos voltado-ao-não-ser.

O cenário na frente do prédio é interessante. Pessoas meio-ensaboadas, só de roupão. Traje ideal para quem está na rua, na neve. Crianças de colo chorando a plenos pulmões. Casais com cara de assustados. Pijamas de vários estilos. Dois caminhões de bombeiros. E nós.   

Pouco tempo depois de chegarmos à frente do prédio, os bombeiros liberaram o edifício. Falso alarme. O condomínio em que moramos tem 18 andares. Considerando que cada andar tem 20 apartamentos com uma ocupação média de 2 moradores, convivemos cerca de 720 vizinhos.

Entramos na fila de um dos 4 elevadores. Ainda bem que, como diz o ditado, "os últimos serão os primeiros". Oba! O elevador chega e, eis que dele sai, afobadíssima, uma senhora idosa. Ela nos pergunta se já acabou o incêndio. Digo que sim. Respiro aliviado e penso comigo que pelo menos não fomos os últimos a evacuar a área.

Temperatura: padrão Sibéria (nível III).
Possibilidade de chuva: antes chovesse, do céu só cai gelo.

Vento:  sempre frio e cortante



Streets of Philadelphia



Para você que, como eu, chorou – admito - ao ver Tom Hanks andando moribundamente pelas ruas de Philadelphia, aperte o play, pegue um lenço e cante comigo na companhia do indefectível “The Boss”. Aproveite e mande um "beijo" para o Bolsonaro e congêneres. 

Temperatura: padrão Sibéria (nível II).
Possibilidade de chuva: antes chovesse, do céu só cai gelo.

Vento:  sempre frio e cortante

Day X – Loosing the days’ counting

O mês de janeiro acabou. Fevereiro, também. A minha pesquisa, avançou. A passos de tartaruga, para o bem da verdade. E, neste interim, eu perdi a contagem dos dias no blog. Melhor. Já que os apuros continuam.

Temperatura: padrão Sibéria.
Possibilidade de chuva: antes chovesse, do céu só cai gelo.
Vento:  sempre frio e cortante


PS: para comprovar que o meu queixume com o frio não é balela, vejam a foto do rio Dalawere congelado...





miércoles, enero 21

Day 20 – Food truck

Há umas cinco ou seis carrocinhas de comida na frente da faculdade. Numa tentativa desesperada de escapar da comida pouco saudável resolvi escolher a que vende pratos vegetarianos. Escolha lúcida, racional e madura. O proprietário, um simpático indiano, achou que eu era francês. Ficou feliz ao saber que eu era, na verdade, hispânico (esse foi o conceito étnico que ele me atribuiu). Sem que eu pedisse colocou uma dose extra – grátis! – de pimenta e curry. Disse-me, com orgulho, que estas especiarias uniam os hábitos culturais dos indianos com os hispânicos. As consequências digestivas deste ato generoso foram desastrosas. A produção acadêmica e a concentração foram para o espaço, quer dizer, para o banheiro.

Temperatura:  -4ºC
Possibilidade de chuva: neve, neve e mais neve.

Vento: suave, mas extremamente frio.